Nos últimos dias fomos novamente bombardeados por muitas informações sobre o processo político venezuelano. Alguma coisa realmente aproveitável, mas na maioria dos casos o mesmo e velho discurso. A paixão ideológica com que se critica a revolução bolivariana é digna de nota, pois é de um partidarismo extremo, aberto e descarado.
Os meios de comunicação tradicionais (Organizações Globo à frente) talvez sejam o exemplo que salta aos olhos. O alarmismo com que noticiam o que ocorre naquele país é tão significativo que o desafio proposto pelo jornalista Igor Fuser, na Globonews, em 2014, isto é, ver uma notícia positiva sobre a Venezuela na mídia brasileira, continua presente. Há que se perguntar: quais são os interesses que movem essas “notícias”, ou alguém, em sã consciência, consegue acreditar que elas são isentas? Será mesmo que o chavismo e o atual governo de Nicolás Maduro só tem aspectos ruins e temíveis que conspiram contra a democracia?
Nesse ínterim julgo ser importante lembrar que Nicolás Maduro foi eleito democraticamente no último pleito eleitoral, por uma margem pequena de votos, é verdade, mas mesmo assim venceu. A oposição, com claro apoio dos Estados Unidos – o que não é nada acidental, diga-se de passagem – fez de tudo para aproveitar desse momento de divisão do país e novamente se colocar contrária à Constituinte que, segundo as promessas imperialistas, será alvo de sanções econômicas.
Curiosamente, a intervenção externa dos EUA nunca é tematizada pelos meios de comunicação tradicionais, tampouco seus interesses são explicitados nas “notícias” que veiculam. A desinformação que nos chega é sempre de mesmo tom, como se tudo o que ocorresse na Venezuela fosse ruim, negativo e incontestável. No entanto, ocorre que se observarmos alguns números podemos compreender que para a classe trabalhadora o bolivarianismo não representa somente o “demônio” midiático, já que de 1990 a 2015 o IDH da Venezuela aumentou de 0.634 para 0.767 (mais de 20%), a expectativa de vida ao nascer aumentou em mais de 4,6 anos e a renda nacional bruta per capita aumentou em 5,4%. Alguém já ouviu falar desses números em algum artigo/notícia da imprensa hegemônica brasileira? Certamente não.
Mas, antes de terminar esta pequena postagem e indicar algumas referências distintas daquelas bombardeadas todos os dias pelos meios de comunicação hegemônicos, gostaria de ressaltar que os resultados práticos para a oposição de direita com a derrubada de Maduro são bastante óbvios: decretar as velhas receitas neoliberais como já ocorre no Brasil, Argentina dentre outros países da América Latina. Talvez, aí esteja uma pista para entendermos não só os reais motivos pelos quais inexistem publicações que ressaltem aspectos positivos do bolivarianismo na mídia tradicional, mas o seu papel partidário e explícito em apoio aos interesses das elites econômicas, sobretudo transnacionais/imperialistas. Vale lembrar que essa mesma mídia deu total apoio às contrarreformas de Temer, e aos grupos da direita brasileira que, em nome do combate à corrupção, colocaram corruptos no poder e deram andamento ao conjunto significativo de retrocessos à classe trabalhadora brasileira que só farão aumentar a pobreza e a desigualdade por aqui. É isso que a oposição de direita quer para a Venezuela e é, no mesmo sentido, que podemos entender o partidarismo dos meios de comunicação hegemônicos. A democracia deles é o mercado e os interesses das grandes elites nacionais e transnacionais.
Textos e vídeos que sugiro:
Boaventura de Sousa Santos: Em defesa da Venezuela – https://www.brasildefato.com.br/2017/07/28/artigo-or-em-defesa-da-venezuela/
O futuro da Venezuela está em jogo – https://www.cartacapital.com.br/blogs/blog-do-grri/o-futuro-da-venezuela-esta-em-jogo
“Constituinte é chance de paz na Venezuela” – https://www.youtube.com/watch?v=eSieJHt0C1c
Lo que passa em Venezuela – https://www.youtube.com/watch?v=Z8Dq9crHp7k
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